É BOM PORQUE
Sou-vos honesta: este livro é estranho e é isso que o torna tão bom. Embora seja narrado na terceira pessoa, estamos na cabeça da Drª Susane que vê a sua vida virada do avesso quando Gilles Principaux entra no seu escritório e lhe pede para ser a advogada da sua mulher acusada (e confessou-se culpada) de afogar os três filhos na banheira. Mas a Drª Susana está convencida de que conheceu este homem 32 anos antes no que ela acredita que foi um dos grandes momentos da sua vida e que foi por isso que ele veio ter com ela. Quem era, para ela, Gilles Principaux? A partir daqui entramos numa narração frenética e caótica onde acompanhamos as relações disfuncionais que ela tem com toda a gente à sua volta, os pais, o ex-companheiro, a filha deste, a empregada, quem são todas estas pessoas para ela? O que é que aconteceu naquele dia 32 anos antes? Tudo o que lemos acontece realmente? Esta autora não nos dá todas as respostas, antes, deixa-nos para nós, leitores, a reflexão do que poderá realmente ser ou não ser. É estranho, sim, é psicológico e arrebatador, daqueles que não conseguimos pousar.
A Vingança é Minha de Marie NDiaye
PONTOS A FAVOR
🗣️ Será que tudo o que lemos realmente aconteceu?
😍 Psicológico e frenético
🇫🇷 Autora francesa
⏰ Leitura arrebatadora, impossível parar de ler
SINOPSE
Não me interessas e já não tenho medo de ti. Não me interessas, já não me preocupo em saber quem tu és para mim. […] Estás desfeito, lutei, venci, já não me dizes respeito.
A Dr.ª Susane — 42 anos, advogada em Bordéus — recebe a visita de Gilles Principaux, que lhe pede para representar a sua mulher, Marlyne, acusada de um horrendo homicídio. Susane julga reconhecer neste homem o rapaz com quem se cruzou certa tarde, décadas antes. Desse encontro, guarda a reminiscência difusa de uma paixão fulgurante, mas é incapaz de recordar o que aconteceu realmente naquele dia, naquele quarto. Quem é Gilles Principaux? Pai e marido dedicado, ou um homem manipulador e impiedoso?
A Vingança É Minha evoca a atmosfera tensa e a energia convulsa dos romances de Elena Ferrante, ou a densidade psicológica dos livros de Patricia Highsmith. Propulsionado por uma inquietação nuclear, eis o retrato vívido de uma mulher enredada na incerteza da sua própria história: uma incerteza que ameaça precipitar a sua ruína.