É BOM PORQUE
Começo o ano a repescar um oldie que me ofereceram e que me arrebatou. Através das vidas de duas personagens extraordinárias (María nos anos 60 e Alicia, a sua neta, vinte anos depois), este livro dá vida a meio século do movimento feminista em Espanha, revelando como pouco mudou realmente para as mulheres. O livro não tem uma narrativa plana, antes saltamos entre uma e outra através de diversos acontecimentos nas suas vidas e a personagem do meio — Carmen, filha de María e mãe de Alicia — que nunca aparece, somente nos relatos das outras duas e o impacto que ela teve nas duas. O tema base é importante e reflexivo: a condição social em que nascemos e o dinheiro (ou a falta dele) vão moldar a nossa vida e as nossas escolhas, muitas vezes involuntárias. É na vida quotidiana delas que se espelham estas consequências, muitas delas terríveis e que irão impactar a geração seguinte. Foi realmente um livro inesquecível que nos fala de família, trauma, solidão e feminismo.
As Maravilhas de Elena Medel
PONTOS A FAVOR
🗣️ Incentivo ao diálogo: maternidade, pobreza, luto, solidão, família
👩👧 2 mulheres, 2 gerações
🕵🏻♀️ Reflexão sobre a classe social no nosso destino
🇪🇸 Autora espanhola
SINOPSE
Qual o peso da família nas nossas vidas, e qual o peso do dinheiro?
Que acontece quando uma mãe decide não cuidar da sua filha, e quando uma filha decide não cuidar da sua mãe?
Seríamos diferentes se tivéssemos nascido noutro sítio, noutro tempo, noutro corpo?
Neste romance há duas mulheres: María, a que em finais dos anos sessenta deixa a sua vida numa cidade de província para trabalhar em Madrid; e Alicia, que faz o mesmo caminho trinta anos mais tarde, por razões distintas. E há, claro, a mulher que as une e de quem praticamente não se fala: filha de uma e mãe da outra.
As Maravilhas é um romance sobre o dinheiro, ou melhor, sobre como a falta de dinheiro pode determinar uma vida inteira de precariedade e matar todos os sonhos. Mas é também uma história sobre cuidados, responsabilidades e expetativas e sobre o passado recente desta nossa Península Ibérica, desde finais da ditadura até à explosão do feminismo, contada por duas mulheres que tão-pouco podem ir às manifestações lutar pelos seus direitos porque têm, claro, de trabalhar.