É BOM PORQUE
Neste romance incrivelmente perspicaz e intemporal, porque a sua mensagem continua a ser relevante e impactante nos dias de hoje, vamos lendo as entradas de Valeria no seu diário, um caderno que ela compra às escondidas da família e que se revela um escape para os seus pensamentos mais íntimos, onde desabafa as suas frustrações, raiva e desilusão com o seu casamento, o marido, os filhos e a vida em geral. Através da escrita, Valéria encontra uma forma de ser ela mesma e de se compreender, o diário torna-se um espaço para estar sozinha, um espaço só seu porque toda a sua vida está condicionada pelas suas obrigações em prol dos outros, numa época onde as mulheres pouca liberdade tinham. Confesso-vos, este livro arrebatou-me, não só nos leva para uma época onde os papéis das mulheres estavam a mudar (anos 50), mas também como as mulheres eram obrigadas a sufocar os seus próprios desejos e vontades em prol das normais sociais. Inicialmente publicado nos anos 50 por capítulos numa revista italiana, é um retrato que nos fala da universalidade do que é ser mulher, quer nos anos do pós-guerra, onde se passa a narrativa, quer nos dias de hoje. Uma leitura feminista fabulosa!
O Caderno Proibido de Alba de Céspedes
PONTOS A FAVOR
🗣️ Incentivo ao diálogo: papéis de género, pressão social, maternidade, feminismo
📝 Escrito em forma de diário
🥲 Autora italiana feminista que viu os seus livros banidos nos anos 30 e 40
⌛️ Publicado inicialmente nos anos 50
SINOPSE
Roma, década de 1950: Valeria Cossati vai comprar cigarros para o marido, ignorando que sairá da tabacaria com um caderno que há de mudar a sua vida. Ao transformar esse caderno num diário secreto onde regista pensamentos e desejos do dia-a-dia, Valeria transforma-o num instrumento de emancipação: liberta-se das convenções sociais, do sentido de dever para com o marido e os filhos, dos limites autoimpostos que regem o seu pequeno mundo.
A partir daqui, tudo é questionado. Valeria compreende que está em translação e decide conquistar o lugar que escolheu para si.
Clássico redescoberto, testemunho histórico de uma época, retrato primoroso da turbulência doméstica, O Caderno Proibido condensa a sede de liberdade de toda uma geração e das outras que se lhe seguiriam.Precursora da linhagem literária mais disruptiva da modernidade - de Virginia Woolf a Natalia Ginzburg, de Marguerite Duras a Vivian Gornick -, Alba de Céspedes celebra aqui o poder da escrita e a audácia indómita de uma mulher numa sociedade em ebulição.