É BOM PORQUE
Li este livro num único dia porque me arrebatou e emocionou bastante. Um retrato de um país que não esconde os seus preconceitos e privilégios entre as classes, este livro é dividido em três partes: Na primeira parte, a história é-nos contada por Mabel que cresce num complexo de luxo enquanto filha da empregada. na segunda, esses mesmos anos são-nos contados por Eunice, a mãe, que trabalha para uma família de brancos ricos. É através das experiências destas duas mulheres que conhecemos um rol de personagens a viver e a trabalhar naquele complexo, as diferenças entre os brancos (servidos) e os negros (serviçais), o racismo, as desigualdades, os crimes silenciados, etc. A terceira parte não vou dizer o que é, deixo para vocês descobrirem porque me surpreendeu e emocionou muito. É uma leitura revoltante e reflexiva que nos mostra a violência diária e humilhante perpetuada pela classe alta que vê quem os serve como meros objetos.
Solitária de Eliana Alves Cruz
PONTOS A FAVOR
🗣️ Incentivo ao diálogo: trauma, luto, violência, racismo, classe social, pobreza
✊🏾 Contado a três vozes
🇧🇷 Autora brasileira
🥲 Emocionante e para refletir
SINOPSE
“Mãe, a senhora precisa se libertar destas pessoas. A senhora não deve nada pra elas. Não tenha medo de encarar esse povo que nunca limpou a própria privada.”
Solitária conta a história de duas mulheres negras, Mabel e Eunice, mãe e filha, que moram no trabalho, um condomínio de luxo desses encontrados em qualquer grande cidade brasileira. Eunice, a mãe, é testemunha-chave de um crime chocante ocorrido na casa dos patrões. Mabel, a filha, constrói o caminho que leva não apenas à elucidação deste crime, mas a uma mudança radical na vida das pessoas que cercam as protagonistas.
Em prosa ágil, intensa e assertiva, Eliana Alves Cruz constrói uma miríade de histórias que revolve o imaginário do trabalho doméstico no Brasil ― ainda tão vinculado à época escravocrata ― e o relaciona a questões contemporâneas urgentes como a pandemia, o debate sobre ações afirmativas e a luta por direitos reprodutivos.
Testemunho de uma crucial mudança de sensibilidade no espírito de nosso tempo, Solitária dá provas do quão urgente se tornou elaborar ― sem meias palavras ― não apenas a história, mas as sobrevidas da escravidão colonial. Ao fazê-lo, mostra como é possível enfrentar o desafio moral e ético de abordar essas experiências de vida sem replicar gratuitamente a violência que a sustenta nem reencenar nenhum pacto oculto de subalternidade. É um romance libertação.
Eliana narra com a maestria da linguagem de alguém que sabe lidar com as palavras. ― Conceição Evaristo
Em Solitária , Eliana desponta como uma das mais importantes vozes de nossa literatura contemporânea. ― Itamar Vieira Junior
